Resumo do texto
O futebol pós-pandemia foi tema do World Football Summit 2020 (WFS-Live);
Este é um momento de observar o esporte e propor mudanças significativas;
Os clubes devem contar com receitas menores bom um bom tempo e isso precisa ser de conhecimento de toda equipe e atletas para que possam acompanhar o momento;
O cenário pode ser otimista se os clubes e dirigentes entenderem que o momento é de união;
Digitalização do futebol pode ter finalmente ter ganhado espaço com a necessidade de processos online durante a pandemia e isso é importante para a evolução do esporte com novas tecnologias;
Com a falta de público presente, será possível observar arquibancadas digitais e som da torcida para ambientar os jogos e a adoção de outros meios para deixar o futebol menos monótono pelos próximos meses.
A pandemia causada pela Covid-19 paralisou o futebol em quase todo o mundo por um bom tempo, e isso deve gerar impactos que já estão sendo sentidos pelos clubes, atletas e sociedade. O importante é saber quais lições são importantes levar a partir desta situação e mudar positivamente o cenário brasileiro.
Marcos Motta, founder da Hubstage e embaixador do sportainment participou do WFS-Live, que trouxe um painel para discutir sobre os aprendizados neste período para fortalecer o futebol. Ivan Martinho, CEO da WSL foi o moderador desta conversa que recebeu: Cléber Machado, narrador da TV Globo, Juliano Belletti, embaixador global do Barcelona, Gilberto Ratto, diretor de marketing da CBF e Reinaldo Bastos, Presidente da Federação Paulista de Futebol.
Os impactos até agora parecem ser negativos dentro da narrativa de uma crise. O que muitos dizem ser uma oportunidade de mudança, deve ser um tempo para aproveitar e realmente realizar ajustes necessários para que o futebol continue sobrevivendo e alcançando novos patamares, o que ainda é difícil de ver no Brasil.
São práticas antigas, com pouca abertura para o que vem de fora - que poderia ser adaptado às nossas realidades e necessidades, o que leva o nosso futebol a enfrentar uma crise muito mais intensa. O espetáculo ainda deve demorar um pouco para voltar a ter o grande brilho, mas é preciso trabalhar desde agora para que isso aconteça da melhor forma possível.
A pergunta agora é: como é que o futebol vai conviver com a pandemia, lembra Reinaldo Bastos. Segundo ele, viveremos uma nova realidade de higiene, saúde e financeiro. E quais serão os impactos dessas novas demandas?
A Federação Paulista de Futebol já prevê terminar o ano com o faturamento entre 35% a 40% a menos do que o planejado. Por isso é tão importante falar cada vez mais em gestão e trabalhar com números reais, o que não era visto nos clubes brasileiros antes da pandemia. Aqueles que quiserem seguir firmes e se preparar para o futuro, é hora de colocar a casa em ordem.
Os clubes também precisam preparar seus antigos e novos atletas, na opinião de Juliano Belletti, que enfatiza a chegada de profissionais que foram trazidos de uma realidade “um pouco mais complicada” e não tiveram preparação. Neste momento de realidade financeira diferente, os atletas e agentes precisam estar em sintonia com essas condições adversas, “é preciso entender o novo momento e as dificuldades pessoais e da sociedade, entender suas responsabilidades como ídolo, como equipe que leva felicidade e alegria para todo mundo”, diz.
O novo momento do futebol brasileiro
Neste momento, Gilberto Ratto vê como otimista o cenário do futebol, “por incrível que pareça, pela união dos clubes, das federações e dos atletas [...] todo mundo começa a caminhar junto e isso reflete numa busca pela melhor volta das competições”, defende.
Já na visão de Cléber, o futebol tem que voltar devagar e não atropelar processos, ele comenta sobre o medo de que um esporte amado pela sociedade se torne meio de debate para saber se está correto ou não sobre a volta e tire o brilho das competições, “o bom exemplo deve ser dado e a velocidade (da volta) deve ser respeitada [...] o futebol deve ser um alívio e uma comemoração mais do que um debate”, comenta.
Já o impacto para os jogadores, se não o maior, é a condição física. Foram mais de 100 dias sem treinos técnico, tático e físico em alta performance e isso reflete nessa volta aos gramados, onde a diferença deve ser sentida mais fortemente. O futebol sempre exige alto nível, “e antes de ser jogador de futebol, ele é um atleta”, comenta Juliano, sobre a importância de estar em dia com a preparação, que mesmo em casa não são comparados ao dia a dia no centro de treinamento.
Outra mudança significativa que devemos observar em relação aos novos aprendizados neste período é a digitalização do futebol - isso é importante para que ele não perca visibilidade. Segundo Reinaldo, que vê com otimismo a união dos dirigentes em entender o momento, muda a realidade e tem o sentimento de “virar o jogo”.
Gilberto compartilha com a opinião do digital estar cada vez mais presente no esporte brasileiro e diz que a pandemia só acelerou o processo natural de trazer a tecnologia para dentro. Uma das mudanças observadas na CBF foi a criação de redes sociais abertas e mais específicas, “importante para interagir e trazer esse público para conversar com a gente”, diz Gilberto sobre manter o público no radar e motivar esse pessoal a continuar amando o futebol mesmo distante.
Mudança nas transmissões dos jogos
As transmissões das competições também enfrentaram um novo cenário. Nessa retomada do futebol, Cléber Machado lembra que, além da falta da torcida, número reduzido de funcionários e até provavelmente os locutores fora do estádio deve ser uma realidade por algum tempo.
E a torcida tem um grande impacto no jogo, todo o barulho e show de uma arquibancada ajudam e motivam os jogadores em campo. Algumas saídas para essa falta foram “som ambiente da torcida” no estádio e a participação digital ou em fotos dos torcedores, que, segundo Cléber, “isso ajuda a criar um ambiente menos frio e menos triste.”
Pode ser difícil do torcedor de casa se acostumar com essas mudanças, mas será importante para que a bola continue rolando e o esporte tão amado continue em evidência. Por parte das emissoras, será preciso ter ideias que aproximem as pessoas do futebol e que se atentem a novas demandas das transmissões, já que deve ser um período bem diferente do que elas estão acostumadas a oferecer.
Estamos começando a testemunhar uma mudança. Como afirmam os convidados, não será como antes e não é possível esperar. Aproveitar as circunstâncias e tirar o melhor dessa pandemia é o caminho mais inteligente a seguir. Ainda vamos demorar um pouco para ouvir e sentir todo aquele barulho original de uma boa partida, mas o sentimento de quem ama o esporte é que a bola volte a rolar, seguindo todas as novas recomendações, tanto com os atletas e toda a equipe que compõe o espetáculo.
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