Resumo do texto
Bernardinho fala sobre liderança ativa dentro e fora de quadra;
Ser líder é buscar constante aprendizado e humildade;
Disciplina e resiliência são base no caráter de um líder;
A equipe também deve ser boa e ter pensamento coletivo para que o resultado seja positivo.
A liderança sempre foi uma tarefa importante e que deve ser trabalhada com maestria para a boa harmonia de um time. Em tempos de pandemia, momento em que o grupo está separado, podemos observar o quanto é fundamental que bons líderes sejam a base para que as pessoas e processos estejam organizados e em sintonia.
E uma das feras do voleibol brasileiro, Bernardo Rocha Rezende, mais conhecido como Bernardinho, foi recebido por Marcos Motta para um bate papo em nossa “quadra virtual”, no canal do Youtube da Husbatge. Mais do que uma conversa, Bernardinho dá uma aula de liderança. Ele que além de ex-jogador e técnico do Sesc RJ, também é economista e empresário.
Ser líder não é uma tarefa simples e para a qual todo mundo está preparado, imagina então comandar pessoas sem estar junto delas e ter a garantia de que todos caminhem juntos e com produtividade? Realmente é uma grande responsabilidade.
Quem é líder?
Segundo Bernardinho, um bom líder é aquele que mantém o espírito de aspirante, que quer sempre aprender e entender que não sabe tudo. Aqueles que acham que detém todo conhecimento, certamente não mantém um ambiente saudável e produtivo como deveria ser.
E esse momento em que vivemos serve “para pensar em que liderança a gente precisa”, enfatiza Bernardinho. É necessário ter humildade e pensar no coletivo. A realidade é que o normal não existe mais e por isso não é hora de esperar, mas reinventar e aprender com o que vem de novo.
Marcos Motta lembra que essa nova realidade vai se aplicar em todas as áreas e no esporte também. Os clubes e associações mesmo bem estruturados já sentem os impactos da crise e por isso devem repensar as práticas daqui para frente.
Os clubes não deixam de ser empresas e são gerenciados como uma: sempre na tarefa de defender o caixa, e principalmente, negociar. Os times menores certamente devem sofrer mais justamente pela falta de gestão e receita. A figura do líder é indispensável nesses momentos, principalmente quando envolvem pessoas e decisões. O sucesso de qualquer organização só depende de gente, das ações por elas tomadas e se isso não for bem articulado, certamente não atingirá o resultado esperado - na verdade, bem o contrário disso.
Como ser líder
Bernardinho elenca algumas características com as quais um bom líder deve, pessoalmente, contar. São alguns “ingredientes” especiais e de base na receita: disciplina e resiliência.
O ex-técnico explica que a disciplina é dizer não para o que você gostaria de fazer e dizer sim para o que você tem que fazer. Nem todos os dias devemos acordar dispostos àquilo que se deve cumprir, mas é importante lembrar que a obediência é que deve vir primeiro.
Já a resiliência em saber lidar com os nãos que a vida te dá, ainda mais num cenário de crise onde é árduo o trabalho, mas no dia seguinte você deve fazer tudo de novo”, lembra o convidado.
Criar valor e uma cultura também é competência de um bom líder que, é claro, precisa estar unido ao seu time para que isso aconteça de forma autêntica. Bernardinho ensina como estimular um time a partir da liderança:
“Para criar um time é preciso a cultura do exemplo. As pessoas vão seguir muito mais o que a gente faz do que aquilo que a gente diz, então dê o exemplo”. Bernardinho
A equipe é extensão do líder
E para ser um bom líder você precisa de uma boa equipe. Essa preocupação deve começar lá na contratação, onde ser só uma boa pessoa não é o único requisito. Segundo Bernardinho, alguém que é contratado pelas hard skills (aquilo que se sabe e pode ser aprendido) e pouco depois é mandada embora é porque não sabe trabalhar em equipe, não é disciplinado e não tem empatia - o que é importante em um time composto por pessoas. Ou seja, trabalhar em equipe é fundamental e muitos não sabem lidar com isso e acabam perdendo todas as qualidades, tornando-se um “peso” na empresa.
O convidado complementa sua fala sobre valor na equipe dizendo que “você pode negociar tudo, horário, salário, roupa, dentre outros, mas valores não são negociáveis”.
Ainda sobre o que compõe a atitude de um líder em relação ao seu grupo, Bernardinho elenca três pilares:
1º ser íntegro - um líder precisa ter a imagem de alguém comprometido e verdadeiro.
2º Team First Attitude - lembrar que o time vem primeiro e não o individual. A soma de todo mundo é que determina o sucesso.
3º Trabalho - o líder deve criar um ambiente favorável para os talentos e possam extrair o melhor do grupo.
Marcos acredita que um jogador só é bom quando o time o faz bom, numa “soma de contribuições individuais que se tornam resultados coletivos”, ou seja, o sucesso depende de um grupo e o líder é quem alavanca a equipe para que isso aconteça.
Resumindo, o que se espera da tarefa de um grande líder é que ele tenha a vontade de ver as pessoas crescendo e se importar com esse processo. É preciso deixar de lado o ego e a inveja e torcer pela vitória dos outros. Um líder nunca deve permitir uma equipe estagnada, mas se esforçar para que eles sejam melhores que ontem. Segundo o técnico, “temos que ser 1% melhor todo dia [...] e estar preparado para possíveis baixas, não esperando a crise para aprender.”
Liderança é lembrar que não existem times ruins, mas líderes ruins. A responsabilidade é sempre do capitão, do líder, do comandante e ele não está sozinho, pois precisa de gente e isso tudo se torna a engrenagem perfeita, seja em dias normais ou em tempos de crise.
Assista a entrevista na íntegra:
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